segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PAIS E FILHOS!


"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na Terra.” (Dt 5.16).
Sou filha. E não importa a idade que eu tenha, sempre serei.
Há coisas da minha infância que nunca esquecerei. Lembranças que ficaram na minha memória como letras impressas no papel, nunca mais saem. Lembranças de momentos vivenciados com minha mãe, vividos com meu pai... Coisas únicas e diferentes que passei com cada um deles. Lembranças que vivem além do tempo.
Lembro das coisas boas e das coisas não tão boas assim. Como no dia em que minha mãe teve que viajar para Goiânia com minha irmã que ia ser submetida a uma cirurgia no coração, como foram longos os dias que fiquei sem ela, e logo sentia vontade de chorar. E também, como o dia que meu pai encontrou um “bilhetinho de amor”, acho que na época devia ter meus 12 anos, nossa “morri” de medo se iria levar uma bronca, mas na hora do jantar eu estava com dor de dente e tava meio “desconfiada”, pensando no que ele iria falar, e pra minha surpresa ele sorriu e perguntou: “será  dor de amor filha?”. Ufá que alívio, e sorri também, hoje parece ser tão bobo isso, mas na época não foi tão bobo assim, adolescência é tudo tão “intenso”, tudo é tão “sério”, que fase!!!
Há uma lembrança em especial que trago em meu coração da minha infância. Quando retornava do seu trabalho papai me colocava sentada em seu colo, me dava um beijo no rosto e perguntava com carinho:
_Cadê a caçulinha do pai?
E eu o abraçava com toda força e o beijava, me sentia tão amada!
Ainda me emociono quando lembro disso. Porque naqueles momentos que duravam alguns poucos minutos, papai era só meu. Sua atenção era só minha. Eu não precisava dividi-lo com minhas irmãs. Era o meu momento especial com papai. Era a pergunta que ele fazia só para mim. Afinal eu sou a caçula até hoje. Ah! Como lembro disso!
Mas tem algo que eu não lembro. Que não sei quando aconteceu. Quando foi a última vez que meu pai me pegou no colo? Eu não sei. Quando foi a ultima vez que ele perguntou “cadê a caçulinha? Não sei. E eu? Quando foi a ultima vez que eu respondi essa pergunta? Tinha sete, oito, nove anos? Não sei. Não lembro mais...
Dizem que as coisas mudam com o tempo. Não creio assim. Creio que as pessoas é quem mudam. Estamos em constante transformação. Portanto, nossa maneira de ver e viver a vida também muda com o tempo.
Hoje me sinto mais cobrada por minhas responsabilidades do que acariciada por ser a caçulinha do papai. Imagino que aí está um dos erros das mães e dos pais. Eles procuram aproveitar bem, e muito bem, a infância dos filhos. Porque, como eles mesmos dizem, “é uma fase linda, é uma fase que não volta mais”. E por que eles não aproveitam as outras fases dos filhos?
E quando chega a juventude. Quando o filho começa a ter barba. Quando surgem as primeiras espinhas. As primeiras crises. Quando os filhos e filhas não sabem que profissão escolher. Quando os filhos e filhas se casam e saem de casa. Quando os filhos e filhas adquirem sua própria casa. Quando os filhos e filhas têm seus próprios filhos e filhas. Quando surgem os primeiros cabelos brancos na cabeça dos filhos e quando as filhas entram na menopausa. Enfim, todas essas fases dos filhos os pais deveriam “curtir”.
A infância dos filhos. A adolescência dos filhos. A idade adulta dos filhos. E o inicio da velhice dos filhos, (para os pais que tiverem a benção de ver isso). Porque em todas as fases da vida os filhos serão sempre filhos.
Tenho saudade de ver meu pai chegando em casa e me dando um beijo. E de dizer que eu sempre estava cheirosa e linda. Quando foi a ultima vez que isso aconteceu? Por que meu pai deixou de me tratar como sua filha queridinha e passou a me tratar como sua filha somente?
Claro! É tão obvio! Sei bem porque.
Deve ser porque as pessoas mudam. Deve ser porque eu mudei. Mudei e deixei de tratar meu pai como meu “superpai”, e passei a tratá-lo como meu pai somente. Deve ser porque ele se sente mais cobrado por suas responsabilidades do que acariciado por ser um “superpai”. Deve ser porque eu não quis mais ficar em seu colo quando comecei a crescer. Deve ser porque eu quis, talvez até tenha exigido, que ele me tratasse como igual: uma mulher adulta, quando na verdade eu mal tinha saído das fraldas. Deve ser porque eu não saio mais correndo ao seu encontro quando ele chega em casa para beijar-lhe o rosto. Mas somente digo: “benção pai”?

Quem sabe se hoje, quando meu pai chegasse em casa, eu carinhosamente envolvesse meus braços no pescoço dele e voltasse a olhá-lo como meu “superpai”, ele, quem sabe, também voltaria a me olhar como sua filha queridinha e, talvez, me daria um beijo no rosto. E quem sabe, se ele perguntasse: “Cadê a caçulinha pai?”, eu e eu beijaria e o abraçaria.
Mudamos a maneira de tratar nossos pais porque nós, filhas e filhos, estamos mudando. Estamos em constante transformação. Mas se é preciso que mudanças aconteçam, que sejam, porém para melhor! Ainda dá tempo de dar um abraço no papai e na mamãe? Então o faça!


É isso que estou fazendo, aproveitando cada momento com meus pais, eles são bênçãos de Deus na terra para mim, não importa a fase que esteja sempre serei filha e eles sempre serão meus pais.

2 comentários:

  1. Shalom!

    Prezada Cláudia, uma alegria conhecer seu blog. O Eterno resplandeça o rosto Dele sobre ti e toda a sua família!

    Medite no Sl 36.8,9

    Nele, Pr Marcello

    O título do seu blog em hebraico é pronunciado desta forma:

    "Ani Le dodi, Ve dodi Li" - Eu sou para o meu amado e Ele é meu

    Visite>> http://davarelohim.blogspot.com/

    e veja o texto: Os 4 descansos - Hebreus 4

    P.s>>>> Caso vc se identifique com o blog, torne uma seguidora. Será uma honra!

    Grato!

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  2. Querida Claudia,

    Sua forma de se comunicar provoca em mim diversos tipo de motivação. Aqui estou eu, me tornei um dos tais, sem vontade nenhuma de ser um tal. Vontade apenas de transmitir palavras que levam valores e ensinos tão preciosos quanto os que aprendo com vc. Então seguimos assim, aprendendo mais sobre a vida, gerendo vida, até q um dia a VIDA comece pra valer e enfim ñ teremos mais tempo ou razão para falar de vida. Viveremos.

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